quarta-feira, 23 de março de 2011

Os melhores de 2010

Em uma época de downloads, de discos vazando na internet antes de seu lançamento oficial, as gravadoras adotaram uma medida que serve mesmo apenas para colecionadores: edições especiais (e limitadas) dos CDs, além de músicas bônus para diferentes continentes – já faz tempo que isso era uma exclusividade do mercado japonês. Hoje em dia, versões digipack trazem uma faixa a mais do que as tradicionais (jewel case), ou até mesmo (e às vezes inclusive) um DVD como disco extra.



Nos Estados Unidos, por exemplo, grandes redes como Wall Mart e Best Buy adquirem exclusividade no lançamento de CDs ("Black Ice", do AC/DC, e "Sonic Boom", do Kiss, são bons exemplos), e até algumas menores, como a Target, costumam entrar na jogada ("Order of the Black", do Black Label Society, foi paparicado por esta e também pela Best Buy, como você poderá ler algumas linhas mais abaixo). Outra prática que vem sem tornando comum são os combos. Ou o fã tem a chance de comprar um pacote de luxo com o DVD (normalmente duplo) e o CD (duplo ou triplo) – Helloween, Lacuna Coil, Nevermore e Pain of Salvation já tiveram trabalhos lançados assim – ou só adquire o áudio se comprar o pack, pois apenas o DVD é vendido separadamente – exemplo de "'In Live Concert at the Royal Albert Hall", do Opeth.

Isso sem contar o iTunes, que disponibiliza faixas exclusivas ou até mesmo EPs (como os da série iTunes Festival, de shows gravados em Londres que já contaram com Europe e Ozzy Osbourne, por exemplo). Assim, ao fim de cada resenha você encontrará um "curtinhas" explicando a particularidade de cada disco. Não pretendo ser 100% exato, mas sim ajudar da melhor maneira possível o leitor que, por acaso, for fã de alguma das bandas ou artistas abaixo – e que fique bem claro: as resenhas não detalham os CDs de cabo a rabo. Apenas dão a deixa para que você os escute por inteiro e tire as suas conclusões.

Ah, sim! Por que uma lista de melhores do ano com 12 discos em vez dos tradicionais dez? Bom, o ano tem 12 meses, e os quesitos DVD, CD ao vivo e CD off metal são um caso à parte. Encarem como um bônus. Uma das razões por que, apesar da demora, resolvi escrever tudo isso colocando o sentimento para fora. Se eu gostei, então há uma babação de ovo mesmo. E recheada de muitos adjetivos.

. Os 12 melhores CDs de 2010
. O melhor DVD de 2010
. O melhor CD ao vivo de 2010
. O melhor CD off metal de 2010
. O Melhor show de 2010

Os 12 melhores CDs de 2010

BLACK LABEL SOCIETY
Order of the Black

A saída da banda de Ozzy Osbourne fez muito bem a Zakk Wylde, que vinha devendo um disco à altura do seu talento. O último trabalho digno de aplausos foi "The Blessed Hellride", de 2003, e com "Order of the Black" ele colocou a casa em ordem. Com as atenções voltadas somente ao Black Label Society, o guitarrista guardou toda a sua inspiração para um álbum espetacular – e, diga-se de passagem, ajudou muito a troca de Craig Nunenmacker por Will Hunt (Evanescence), um batera muito mais inspirado. Infelizmente, Amy Lee resolveu voltar a trabalhar, e Hunt já deixou o BLS, dando lugar a Johnny Kelly (ex-Type O Negative).

O começo do CD é simplesmente arrasador, com a trinca "Crazy Horse", "Overlord" e a espetacular "Parade of the Dead". "Darkest Days", que poderia muito bem estar em "Book of Shadows", muda o clima sem deixar a peteca cair. Daí para frente músicas mais calmas, como a bela "Time Waits for No One", a emotiva "Shallow Grave" e a acústica "January", casam perfeitamente com um heavy metal da melhor qualidade. Que o digam "Black Sunday", "Southern Dissolution", "Riders of the Damned" e a excepcional "Godspeed Hellbound". Fácil, fácil o melhor disco de rock pesado de 2010. E, sim, Wylde está tocando como nunca.

CURTINHAS: "Order of the Black" é o campeão de versões diferentes nos quatro cantos do mundo. Para começar, saiu com capas diferentes nos Estados Unidos (a que está aqui no blog), Europa, Japão e Brasil. Nos EUA foram lançadas três versões do disco. Como diria Hannibal Lecter, vamos por partes. a rede Target lançou uma edição com DVD bônus de 50 minutos de duração, tempo que Zakk Wylde leva para explicar cada uma das 13 faixas, tocar "The Last Goodbye" (do álbum "Shot to Hell", de 2006) ao piano e mostrar o seu estúdio particular, o espetacular The Bunker.

A Best Buy não ficou atrás e colocou no mercado a sua versão exclusiva: embalado num box de papelão, o CD vem acompanhado por uma camisa (a estampa é a capa do disco) e dois bônus: "Junior's Eyes" e "Helpless", covers do Black Sabbath e Neil Young, respectivamente. Para terminar a parte americana, a edição regular, sem nenhum atrativo. No Japão e no Brasil o extra foi "Junior's Eyes", e na Europa, "Can't Find My Way Home", do Blind Faith. Em formato digital, exclusivamente para a Amazon, temos "Bridge Over Troubled Water", de Simon & Garfunkel.


HELLOWEEN
7 Sinners

Sejamos sinceros: o bom humor e um horizonte musical mais amplo não são comuns à maioria do público que curte heavy metal. Só isso explica a maneira como "Unarmed: Best of 25th Anniversary" foi recebido por grande parcela dos fãs do Helloween. E também pela crítica especializada. Se estes não souberam apreciar um ótimo disco de releituras de clássicos, então podem rasgar seda para "7 Sinners". O quinteto alemão prometeu e cumpriu: seu novo disco é uma porrada na cara. Pesado, agressivo e absurdamente empolgante. "Where the Sinners Go" abre os serviços trazendo estes elementos, mas sem precisar ser aquela faixa de abertura com dois bumbos no talo. "Are You Metal?", o primeiro single, é coisa de gênio. Andi Deris poderia ter facilmente caído no clichê, mas acabou escrevendo um verdadeiro hino.

O vocalista, aliás, compôs sozinho quase metade do CD – todas as músicas são de autoria de um único integrante, e Sascha Gerstner (guitarra) e Markus Grosskopf (baixo) participaram mais do que habitual. Tanto quanto Michael Weikath (guitarra). A formação estabilizada (o excelente batera Dani Löble se juntou à banda em 2004) pode ser apontada também como responsável por um trabalho homogêneo. "Who is Mr. Madman?" (continuação de "Perfect Gentleman", hit de "Master of the Rings", de 1994), "Raise the Noise" (com um solo de flauta do convidado Eberhard Hahn), a rapidíssima "Long Live the King", "The Smile of the Sun" (o hit da vez escrito por Deris) e a épica "Far in the Future" se destacam facilmente, mas "7 Sinners" é um discaço do início ao fim.

CURTINHAS: Na Europa, a versão digipack tem como bônus a música "I'm Free", que saiu como lado B no single "Are You Metal?" no Japão. A Terra do Sol Nascente, aliás, ganhou "Faster We Fall" como extra, canção que está disponível para download no iTunes alemão. "Aiming High" foi lançada apenas digitalmente, podendo ser baixada no iTunes germânico e no japonês. A versão brasileira de "7 Sinners" contém apenas as 13 músicas regulares do CD.


ACCEPT
Blood of the Nations

A primeira tentativa não deu certo. Apesar de "Eat the Heat" (1989), com David Reece nos vocais, não ser de todo ruim, também não é um trabalhoque desperte reações inflamadas dos fãs Para o bem ou para mal. Duas décadas depois, aqueles que acreditavam não haver vida no Accept sem UdoDirkschneider tiveram de dar o braço a torcer. Com Mark Tornillo (T.T. Quick) assumindo o microfone, e Wolf Hoffman (guitarra) e Peter Baltes (baixo),as rédeas nas composições, a banda lançou um disco fenomenal – Herman Frank (guitarra) e Stefan Schwarzmann (bateria) completam a formação. "Blood of the Nations" está longe de ser um trabalho que vai revolucionar o heavy metal, mas é um disco do estilo em estado bruto sem soar reciclado. Ele soa moderno sem que esta palavra tenha conotação pejorativa.

Primeiro single, "Teutonic Terror" serviu para dar um gostinho de quero mais, e a audição completa do CD prova que Tornillo não apenas é o substituto ideal de Dirkschneider, como deu novo gás ao grupo. "Beat the Bastards Down", que abre os serviços, é arrasadora. Assim como "Locked and Loaded", "Kill the Pain", "Bucket Full of Hate" e a faixa-título. "Shades of Death" é outro destaque, com um trabalho de orquestração simples e eficiente que dá outro sabor ao disco. "Blood of the Nations" é, na verdade, um trabalho para ser ouvido sempre da primeira à última música. Sem pular nada. Sem parar. E inúmeras vezes. É excelente do começo ao fim.

CURTINHAS: A versão mais bacana é o boxset lançado pela Nuclear Blast e limitado a 500 cópias. Além do bônus "Time Machine", também presente na versão digipack, o CD vem acompanhado de um bandeirão, que reproduz a capa do disco, e uma parte enhanced com os clipes de "Teutonic Terror" e "Pandemic". Para não ficar muito atrás, o Japão também ficou com a faixa "Time Machine" e levou outra de lambuja: "Land of the Free". No Brasil, nem uma coisa, nem outra.


KAMELOT
Poetry for the Poisoned

A evolução do Kamelot ao longo dos últimos dez anos fez com que a banda americana atingisse o mais alto degrau no heavy metal contemporâneo.Com a obra-prima "The Black Halo", provou que existe vida inteligente dentro do melódico (ou do power metal, como queiram), mostrando que será difícil não incluí-la na lista de melhores do ano sempre que soltar um novo disco. "Poetry for the Poisoned" acerta novamente em músicas muito bem trabalhadas, sem apelar para autoindulgência, e arranjos de extremo bom gosto. Além disso, traz um time de convidados de primeira linha, todos em músicas que figuram tranquilamente entre as melhores do CD. A canção de abertura, "The Great Pandemonium", conta com os préstimos de Björn "Speed" Strid (Soilwork), cujos vocais guturais fizeram um belo contraponto ao sempre excelente Roy Khan.

Simone Simons (Epica), que já é de casa, brilha mais uma vez ao lado de Khan em "House on a Hill" e nas partes dois e três da faixa-título – o que ela canta é brincadeira! Gus G. (Ozzy Osbourne) faz um ótimo solo em "Hunter's Season", mas, no fim das contas, o grande destaque fica por conta de Jon Oliva, o eterno mentor do Savatage, em "The Zodiac". É ele quem a deixa espetacular com uma interpretação primorosa. Disparado a melhor do disco. Mas "Poetry for the Poisoned" tem vida própria, como mostram "If Tomorrow Came", "Seal of Woven Years" e "Once Upon a Time", provas irrefutáveis da maturidade e personalidade do Kamelot. E a saída do baixista Glenn Barry para o retorno de Sean Tibbetts em nada alterou o caminho que o grupo vem trilhando com sucesso.

CURTINHAS: "Poetry for the Poisoned" saiu na Europa num digipack bem bacana. Além do bônus "Where the Wild Roses Grow" (cover de Nick Cave), a versão vem com um DVD que traz, entre outras coisas, entrevistas com os integrantes, o clipe de "The Great Pandemonium", galeria de fotos e uma versão sem cortes de "House on a Hill". No Japão, a faixa extra é a instrumental "Thespian Drama", que saiu também como lado B de um vinil 7" que acompanha com o CD numa edição limitada. A versão nacional saiu simples.


BLACK COUNTRY COMMUNION
Black Country

Aqui temos mais um daqueles supergrupos que surgem ano a ano, mas a chance de a união de Glenn Hughes (baixo e vocal), Joe Bonamassa (guitarra), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclados) dar errado era, sejamos honestos, muito pequena. Não à toa, enquanto escrevo estas linhas, o quarteto finalizou seu segundo disco no fim de fevereiro. E o álbum de estreia, "Black Country", é obrigatório para quem gosta de rock ‘n' roll com raízes nos anos 70, sem, no entanto, soar datado. Tudo bem, músicas como "One Last Soul" e "Beggarman" poderiam estar muito bem em algum disco solo de Hughes, principalmente aqueles mais voltados ao hard rock. Mas quem disse que isso é ruim?

Joe Bonamassa está inspiradíssimo, transbordando técnica com feeling e, felizmente, podendo aparecer para um público que não seja apenas o do blues. Bonham mostra a eficiência de sempre, e o único porém fica por conta de Sherinian, que poderia ter sido mais bem aproveitado. Faz apenas cama na grande maiorias das canções, ganhando destaque solo apenas na pesada e funkeada "Stand (At the Burning Sun)" e na excelente "Too Late for the Sun", que encerra brilhantemente o CD com seus mais de 11 minutos. Hughes, por sua vez, já não deveria mais precisar de apresentações. Lembrem-se: ele não é apenas um excepcional cantor, como podemos ratificar em "The Great Divide", "Song of Yesterday" e "Medusa" (sim, regravação do clássico do Trapeze), mas também um grande baixista. Ouça a faixa-título.

CURTINHAS: O disco de estreia do supergrupo não foi lançado com muitas surpresas. As mesmas 12 músicas estão na versão simples e na com um DVD bônus. Este dá ao fã o clipe de "The Great Divide", entrevistas, cenas das sessões de gravação e material ao vivo gravado em Riverside, na Califórnia, Estados Unidos. Não houve lançamento nacional.


MR. BIG
What If…

Era questão de tempo. A formação original do Mr. Big – Eric Martin (vocal), Paul Gilbert (guitarra), Billy Sheehan (baixo) e Pat Torpey (bateria) – se reuniram para uma turnê comemorativa de 20 anos da banda, que rendeu CD e DVD ao vivo, "Back to Budokan" (ambos duplos), e um disco de inéditas era uma consequência natural. Diferentemente dos dois últimos trabalhos antes da separação, ambos com Richie Kotzen nas seis cordas, "What If..." é menos bluesy e mais hard. Ou seja, o quarteto voltou ao seu habitat natural. E por mais que Kotzen seja músico extraordinário, mais até do que Gilbert, a química entre Sheehan e o guitarrista original é única, diferenciada.

Primeiro ponto positivo: aqueles solos dobrados espetaculares estão de volta O segundo é simples: todas as músicas são excelentes. Mesmo as baladas, especialidade de Martin, não soam piegas e bregas - elas sempre foram o ponto fraco do Mr. Big, razão de o grupo ser tão subestimado. "Stranger in My Life" e "All the Way Up" são realmente bonitas e, digamos, maduras. Mas o que conta mesmo são as outras faixas, que formam um disco empolgante. "Undertown" abre muito bem o disco, e "American Beauty" completa o serviço. Pronto. Com apenas duas músicas o jogo já está ganho. Mas ainda tem arrasa-quarteirões como "Nobody Left to Blame", "Still Ain't Enough for Me" (rock ‘n' roll dos bons), "I Won't Get in My Way" (que refrão) e "Around the World" (lembra de Gilbert e Sheehan detonando juntos? Pois é...). No saldo geral, não há música sequer em "What If..." que possa ser considerada mais ou menos. Discaço!

CURTNHAS: As gravadoras capricharam na volta do Mr. Big ao estúdio com a sua formação original. Principalmente na Europa, onde foi lançada uma Super Luxury Edition, contendo o CD, um DVD, o LP mais três brindes: pôster, foto oficial e adesivo. Tudo isso com uma faixa bônus (apenas no disquinho em áudio, não no vinil), "Unforgiven". O DVD, por sua vez, traz os clipes de "Undertow" e "All the Way Up", além do making of das sessões de gravaçao do disco.

"What if..." também foi lançado em versão simples no mercado europeu, o que aconteceu igualmente no Japão. Os nipônicos, claro, também tiveram a sua Deluxe Edition, obviamente caprichada. Além de uma embalagem em 3D, uma música extra diferente, "Kill Me With a Kiss", e o DVD. Só que desta vez, os europeus saíram ganhando: na versão japonesa não constam vídeo de "All the Way Up".


RATT
Infestation

Stephen Pearcy volta ao microfone do Ratt, e a banda lança seu primeiro trabalho de inéditas desde 1999. E "Infestation" é um resgate à sonoridade do quinteto nos anos 80, com aqueles riffs criativos e solos inspiradíssimos (Warren DeMartini agora tem a companhia de luxo do ex-Quiet Riot Carlos Cavazo) somados a refrãos grudentos e irresistíveis (Pearcy é bom demais nisso). Um disco simplesmente delicioso. Simples assim. Mas aí o grupo começa a ir ladeira abaixo novamente graças ao choque de egos, principalmente entre o vocalista e o batera Bobby Blotzer – o baixista Robbie Crane completa a formação. Infelizmente. A história poderia ser resumida desta forma, mas seria uma injustiça com a música aqui presente.

O início é simplesmente impecável, com "Eat Me Up Alive", "Best of Me", "A Little Too Much" e "Look Out Below" colocando a casa abaixo e, sem exageros, remetendo o fã a clássicos como "You Think You're Tough", "Way Cool Jr.", "Round and Round" e "Body Talk". Saudosismos à parte, "Infestation" não soa datado, mas sim uma celebração a um período bastante fértil do hard rock americano. Não à toa, "Last Call" tem um quê de Van Halen, e o show continua com grandes canções. "Lost Weekend", "As Good as it Gets", "Take a Big Bite" e "Don't Let Go" reforçam o melhor do "ratt and roll". Seria mesmo apenas se em tão pouco tempo a banda apagasse o grande trabalho que recomeçou.

CURTINHAS: As versões americana e europeia não tiveram nenhum extra, e o disco não chegou a sair no Brasil. No Japão, no entanto, o fã teve de colocar duas vezes a mão no bolso. A primeira edição saiu com o bônus "Scatter", mas alguns meses depois o CD foi relançado – com o tom esverdeado da capa dando lugar a um avermelhado – com um material bem interessante.

A começar pelas faixas "Sweet Cheater", "You Think You're Tough", "You Got it", "Tell the World", "Back for More" e "Walkin' the Dog", do raro EP de estreia, autointitulado, de 1983. Aqui, no entanto, elas aparecem gravadas ao vivo, em 2008, no Rockline Studio. Além disso, um DVD com o clipe de "Best of Me", making of e cenas da festa de lançamento do álbum. O iTunes, por sua vez, colocou à disposição dos fãs americanos três das seis faixas ao vivo: "You Think You're Tough", "Tell The World"e "Way Cool Jr.". Além da própria "Scatter".


TANKARD
Vol(l)ume 14

Um dos melhores representantes do thrash metal germânico, o Tankard infelizmente não atingiu o status de nomes como Destruction e Kreator. Qualidade para isso nunca faltou, afinal, a banda começou jogando de cara dois clássicos no mercado – Zombie Attack (1986) e Chemical Invasion (1987) – e manteve-se acima da média ao longo de quase três décadas de existência. Além disso, como não gostar de pérolas como "(Empty) Tankard", "666 Packs", "Beermuda", Space Beer", "Freibier" e "Need Money for Beer"? Ótimas músicas que consagraram o Alcoholic Metal que os próprios alemães dizem fazer. Nada mais justo. Ninguém faria uma apologia ao sagrado suco de cevada com tanta excelência e bom humor, e "Vol(l)ume 14" traz isso já no título e na capa do CD.

Apesar de ter dado uma pisada no freio ao longo dos últimos anos, o grupo sempre foi fiel ao seu thrash característico, continuando com identidade própria apesar das doses maiores de metal tradicional no som. Frank Thornwarth (baixo) e Olaf Zissel (bateria) formam uma cozinha competente, abrindo espaço para brilharem o guitarrista Andy Gutjahr (mais uma máquina de riffs do estilo) e o vocalista Andreas "Gerre" (dono de uma interpretação única e letras sensacionais) – figuraça, este último está incrivelmente mais magro, sem aquele barrigão que era a sua marca registrada. Pouco importa, pois "Rules for Fools", "Fat Snatchers (The Hipo Effect)", "The Agency", "Brain Piercing of Death" e "Weekend Warriors" são suficientes para deixar o fã batendo cabeça e um sorriso enorme no rosto.

CURTINHAS: Há duas versões de "Vol(l)ume 14" disponíveis na Europa, e ambas não contêm músicas bônus. No entanto, vale a pena pagar um pouco mais para ter o digipack, que traz um DVD com a apresentação na edição de 2009 do Headbangers Open Air, festival realizado na Alemanha. A banda promovia o álbum "Thirst", e o show é empolgante do início ao fim, apesar do set curto (apenas 12 músicas). A edição jewel case, sem o vídeo, também saiu no Brasil.


EXODUS
Exihibit B: The Human Condition

Não fosse o breve hiato de Tom Hunting em "Shovel Headed Kill Machine", gravado por Paul Bostaph, e o Exodus estaria há impressionantes seis anos sem mudanças na formação. Mas "Exihibit B: The Human Condition" – assim como a primeira parte ("The Atrocity Exhibition... Exhibit A"), o ao vivo "Shovel Headed Tour Machine" e a regravação do clássico "Bonded By Blood", que virou "Let There Be Blood" – mostra que o quinteto está mais coeso do que nunca com Rob Dukes, que nasceu para cantar no Exodus, e Lee Altus, que, desculpem-me os puristas, faz com que Rick Hunolt não deixe saudades. O CD é uma porrada espetacular do início ao fim, mesmo que algumas músicas pudessem ser mais enxutas.

Mas o fato de o Exodus ter começado a compor músicas na casa dos seis, sete, oito e até nove minutos apenas apresenta mais riffs espetaculares (Gary Holt é um mestre!) e uma performance arrasadora, para variar, de Hunting. Curiosamente, faixas mais curtas dão o recado com mais facilidade, casos de "Hammer and Life" e da arrasa-quarteirão "Burn, Hollywood Burn". São mais palatáveis, uma vez que o thrash metal da banda está cada vez mais intrincado. Mas nada que não faça pescoços ficarem destroçados com "The Ballad of Leonard and Charles", "Beyond the Pale", "March of the Sycophants" e "The Sun is My Destroyer" e "Good Riddance", por exemplo, todas uma com interpretação visceral de Dukes, principalmente nos refrãos. Impossível não ficar viciado.

CURTINHAS: Na Europa, nos EUA e no Brasil, o CD saiu com o bônus "Devil's Teeth", enquanto no Japão o extra foi "Don't Make no Promises", cover do Scorpions. No Velho Continente também foi lançada uma edição chamada blood pack, que trazia o CD numa caixa de DVD e envolta num plástico com um líquido preto. Limitado a 500 cópias, esta versão também teve como bônus a música "Devil's Teeth".


KORZUS
Discipline of Hate

Sejamos sinceros: os frutos que o Korzus vem colhendo com "Discipline Hate" já deveriam estar no conta com o excelente "Ties of Blood", de 2004. Mas é fato também que o quinteto paulista lançou desta vez um dos melhores discos de thrash metal da última década. É para ouvir e ficar com o queixo caído. Produção impecável, músicas muito acima da media do que é feito atualmente (inclusive por medalhões que vivem de nome, como o Metallica) e performances individuais impecáveis.

Como em todo bom disco do estilo, encontramos riffs certeiros (Antônio Araújo mostrou-se a escolha perfeita para substituir Silvio Golfetti, detonando nas palhetadas ao lado de Heros Trench), bateria demolidora (cortesia do excelente Rodrigo Oliveira) e um vocal poderoso e com raiva, e neste ponto Marcello Pompeu gravou nada menos que o seu melhor trabalho em mais de 25 anos de banda.

A trinca de abertura – "Discipline of Hate", "Truth" e "2012" – não deixa pedra sobre pedra, e na sequência o grupo surpreende com a ótima "Raise Your Soul", que entra de cara com o refrão (é para cantar com os punhos erguidos nos shows). E o pique não cai nas nove músicas seguintes, com destaques para "Revolution" (um arregaço de trabalho de dois bumbos), a empolgante "Never Die", a quase metal tradicional "Last Memories" e as pancadas "Hell" e "Hypocrisia", nesta última com o Korzus trabalhando muito bem a letra em português (e que letra, meu amigo!). Compre correndo!

CURTINHAS: Brasil e Europa receberam bônus diferentes: "Hypocrisia" e "We Are Just the Same", respectivamente. A primeira prensagem brasileira, de 1.000 cópias, veio com autógrafos (mesmo) de toda a banda no encarte.


MUSICA DIABLO
Musica Diablo

Natural ouvir comentários de que o Musica Diablo faz aquilo que todo fã do Sepultura gostaria que a banda estivesse fazendo. Questionável, uma vez que a maior banda do metal brasileiro em todos os tempos vem dando sinais – com "Dante XXI" e "A-Lex" – que aquele thrash metal de riffs palhetados está voltando à tona. Questionável também porque aqui, no trabalho de estreia do quinteto formado também por integrantes do Nitrominds e do Threat, Derrick Green cala definitivamente a boca dos detratores que ainda restam.

O gringo-brasileiro é um puta cantor, se saindo com desenvoltura mesmo nas partes death metal que permeiam o álbum homônimo do Musica Diablo. Portanto, abra mão de qualquer preconceito e curta mais um grande lançamento de uma banda nacional, feito com tesão e honestidade que, repito, andam faltando a bandas que fizeram a fama e deitaram na cama – sim, porque não dá para achar que "Death Magnetic" é uma volta do Metallica aos bons tempos. O único ponto negativo do CD é a curta duração, pouco mais de 30 minutos.

Faixas como "Sweet Revenge"; "Sacrifice", "The Rack" e "Underlord" (lembra dos toques death metal? E do ótimo e versátil vocalista que é Derrick Green?); "Work Out", "Lifeless", "The Flame of Anger" e "Twisted Hate" (fácil, fácil imaginar rodas insanas de pogo nestas três últimas). "Musica Diablo" é mais do que um álbum honesto de thrash metal capitaneado pelo guitarrista André NM com o vocalista do Sepultura. É um disco para ouvir até gastar.

CURTINHAS: O track list das edições brasileira e europeia é o mesmo, e o CD ainda não ganhou o mercado japonês. Diferente mesmo, apenas a arte da capa, com pequenas diferenças (nos desenho de fundo) de um local para outro. A que ilustra esta resenha é a da edição nacional.


CIRCLE II CIRCLE
Consequence of Power

Difícil resistir a qualquer trabalho que tenha Zak Stevens à frente. Foi assim no Savatage, ao substituir Jon Oliva com extrema personalidade; e no recente Machines of Grace, nada menos que o Wicked Witch reformulado; e é assim no Circle II Circle, sua banda principal. O cara é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores vocalistas da história do metal, e não estamos falando de um cara que já está no rol dos veteraníssimos. E em "Consequece of Power" ele volta a provar isso, com performances técnicas, mas cheias de feelings, e ajudadas por linhas vocais marcantes – que o diga a faixa-título, que tem um quê de Iron Maiden, e "Out of Nowhere".

Musicalmente, o agora quarteto – o guitarrista base Evan Christopher pulou fora, e o brasileiro Bill Hudson nem esquentou o posto, assim o ótimo Andy Lee assumiu sozinho as seis cordas – continua mandando muito bem num power metal bem trabalhado, mas sem perder a mão da simplicidade e do peso sem aquela pompa e circunstância da grande maioria das bandas do estilo.

Faixas como "Whispers in Vain", "Remember", "Episodes of Mania", "Take Back Yesterday" e a bela "Blood of an Angel" (inevitavelmente remetendo ao Savatage) são primorosas, todas com refrãos muito bem construídos. Com o baterista Johnny Osborn (ex-Doctor Butcher) no lugar de Tom Drennan, Zak ainda conta com o fiel escudeiro Paul Michael "Mitch" Stewart (baixo e teclados) para ajudá-lo a brilhar. "Consequence of Power" é indispensável para quem gosta de heavy metal de categoria e muito bem feito por músicos talentosos.

CURTINHAS: Apenas a versão digipack ganhou bônus na Europa: "Symptons of Fate", que saiu também no Brasil. Até o fechamento do textos dos melhores de 2010, o CD ainda não havia sido lançado no Japão.

O melhor DVD de 2010

HEAVEN & HELL
Neon Nights: 30 Years of Heaven & Hell

Houve em 2010 uma enxurrada de excelentes DVDs, e alguns deles poderiam facilmente figurar aqui, como "Get Your Buzz on Live" (Chickenfoot), "Take Us Alive" (Extreme) e "In Live Concert at the Royal Albert Hall" (Opeth), mas o sentimentalismo falou mais alto. Nenhum deles é tão emocionante como "Neon Nights: 30 Years of Heaven & Hell". Nenhum deles leva lágrimas aos olhos como quando assistimos a Ronnie James Dio, o maior vocalista da história do rcck, dar (mais) uma aula em cima do palco. Carisma e uma voz inigualáveis de um sujeito que deixou um rastro de obras-primas em sua carreira, mas que ainda tinha muito o que oferecer.

Gravado no festival alemão Wacken Open Air em 2009, o show é exatamente o mesmo que Dio, Tony Iommi, Geezer Butler e Vinnie Appice apresentaram na turnê brasileira alguns meses antes. Apesar de mais enxuto que o de "Live from Radio City Music Hall" – afinal, músicas como "Computer God" e "The Sign of the Southern Cross" fazem falta – o show é espetacular. Há clássicos atrás de clássicos, como "Mob Rules" (nasceu perfeita para abrir shows), "Children of the Sea", "Die Young", "Heaven and Hell" e "Neon Knights", a sempre surpreendente "Falling Off the Edge of the World"; pérolas mais, digamos, recentes ("I" e "Time Machine"); e boas amostras do excelente "The Devil You Know" ("Bible Black" e "Follow the Tears").

Individualmente, Dio é sempre a estrela, e não apenas pelas circunstâncias, mas é um prazer ver a elegância de Iommi com a sua Gibson SG (amiguinhos, não fosse por este senhor, o mestre dos riffs, o heavy metal não seria nem sombra do que é há pouco mais de quatro décadas), além de discrição de Butler, que massacra seu baixo com linhas completamente absurdas de tão maravilhosas. E Appice, infelizmente subestimado por muita gente, é de uma segurança e precisão necessárias à qualquer banda.

Nos extras, excelentes entrevistas sobre os 30 anos que se passaram desde o clássico álbum "Heaven and Hell", dos bastidores das gravações à turnê, passando por "Mob Rules", a ruptura após "Live Evil", a segunda chance com "Dehumanizer", a nova separação e o retorno sob a alcunha de Heaven & Hell. Tudo sem rodeios – Dio, Butler e Appice conversaram com Eddie Trunk, radialista e apresentador do programa "That Metal Show", e Iommi, com o jornalista e escritor Malcom Dome (de revistas como "Classic Rock" e "Metal Hammer"). Para completar, curtos depoimentos de Iommi, Butler e Appice sobre Dio. Emocionante.

CURTINHAS: Tanto o DVD quando o CD ganharam estampas diferentes. Nos Estadoas Unidos, o lançamento veio com um "Live in Europe", enquanto "Live at Wacken" é o selo estampado nas capas das edições lançadas no Brasil, Europa e Japão. O CD, por sua vez, não conta com a introdução "E5150" e o trecho de "Country Girl", que antecede "Neon Knights".

Os nipônicos tiveram, por tempo limitado, a oportunidade de comprar um box contendo os dois formatos, sendo que o disquinho de áudio do pacote foi produzido com a tecnologia SHM-CD (Super High Material CD). Esta tem uma qualidade superior e maior fidelidade de som por causa do uso de plástico policarbonato com transparência superior ao do usado no CD normal.

O melhor CD ao vivo de 2010

DIO
At Donington UK: Live 1983 & 1987

Sim, Ronnie James Dio de novo. E não trata-se de um dos últimos shows com a banda Dio, ou seja, um lançamento original de 2010. O que temos aqui é um belo CD duplo trazendo duas apresentações de momentos distintos, mas ambos dos primeiros anos da carreira solo do vocalista. Gravado no finado festival inglês, "At Donington UK: Live 1983 & 1987" só nos faz perguntar por que diabos isso não foi lançado antes – infelizmente, foi preciso que Dio se fosse para que um trabalho primoroso como este visse a luz do dia.

O primeiro CD (1983) traz a banda – além do vocalista, Vivian Campbell (guitarra), Jimmy Bain (baixo) e Vinny Appice (bateria), uma vez que o tecladista Claude Schnell era apenas figura decorativa – com um poder de fogo inacreditável. Promovendo o primeiro álbum, "Holy Diver" (alguém aí disse um dos dez melhores discos do metal em todos os tempos? Pois é...), o quinteto mescla músicas próprias, e que mais tarde virariam verdadeiros hinos ("Stand Up and Shout", Rainbow in the Dark", "Straight Through the Heart" e a faixa-título), com clássicos das duas ex-bandas mais famosas de Dio. Se há apenas menções a "Stargazer" e "Starstruck", o Rainbow é muito bem representado por "Man of the Silver Mountain", enquanto o material do Black Sabbath dá as caras com "Children of the Sea" e "Heaven and Hell". Falar o que de um repertório como este?

Quatro anos depois, já com Craig Goldy no lugar de Campbell, além de Schnell como integrante fixo, o grupo voltou à Inglaterra com um novo disco nas mãos, o ótimo "Dream Evil". Dele saíram "Naked in the Rain", a belíssima "All the Fools Sailed Away" e a música que dá nome ao álbum. E com quatro trabalhos de estúdio, Dio pode explorar mais o seu material autoral, casos de "Rock and Roll Children" e da genial "The Last in Line". Claro, sem esquecer do Rainbow ("agora teve "Long Live Rock ‘n' Roll") e Sabbath (que ganhou um extra com "Neon Knights"). Pode começar a se penitenciar se ainda não tem "At Donington UK: Live 1983 & 1987" em sua coleção.

CURTINHAS: Lançado em digipack de luxo, a primeira prensagem do álbum traz a reprodução dos backstage passes para o show de cada ano. É fácil identificar qual versão vem com esses presentinhos: é a que tem um adesivo amarelo na capa. Se a cor for vermelha, esqueça. Perdeu a edição de colecionador.

O melhor CD off metal de 2010

SEAL
6: Commitment

Seal havia escorregado feio com o fraco "System" (2007), uma tentativa fracassada de resgatar o som mais dançante dos dois primeiros discos. Faltou a classe que sobrou a ele no início da década de 90. Talvez não à toa, em 2008 lançou um álbum em que regravou vários standards da soul music – e o CD, vejam só, ganhou o título de "Soul". Ficou a dúvida se ele estava tentando resgatar o que faz de melhor, graças a sua voz privilegiada (o cara canta que é uma barbaridade). "Soul Live" (2009) serviu para dar um novo afago, e a coletânea "Hits", em sua versão dupla, trazia extras que alimentavam a esperança: a inédita e soul "I Am Your Man"; a funkeada "Thank You", cover do Sly and The Family Stone; e o ótimo medley ao vivo com "Here I Am (Come and Take Me)", "Knock on Wodd" e "Get it Together".

Todo esse caminho percorrido para dizer que "6: Commitment", seu novo disco, é um deleite. Todos os ingredientes que fizeram de Seal um dos melhores compositores e intérpretes – e um baita de um cantor, repito – estão presentes no CD: soul ("Best of Me"), pop ("Weight of My Mistake" e "The Way Lie"), baladas ("Silence", "I Know What You Did", "Secret" e a linda "You Get Me") e faixas mais funkeadas ("If I Am Any Closer"). Tudo com muita classe. E se não há mais Trevor Horn para escrever aqueles arranjos brilhantes, David Foster começou realmente a provar que pode preencher essa lacuna. Definitivamente, seja bem-vindo de volta, Seal. "6: Commitment" é mais uma de suas obras-primas.

CURTINHAS: França e Estados Unidos (à venda exclusivamente na rede Target) foram os únicos países com uma edição especial de "6: Commitment". Além de duas faixas bônus, "If I Could Ever Make You Love Me" e "You Get Me (featuring Buika)" , vem acompanhado de um DVD com o making das gravações do sexto trabalho de estúdio do músico.

O Melhor show de 2010

PAUL MCCARTNEY Morumbi - 22 de novembro

Sim, eu queria ter assistido aos dois shows no Morumbi, mas a agenda permitiu apenas a segunda noite. Não tem problema, a rodada dupla está marcada para os dias 21 e 22 de maio, no Engenhão. De qualquer maneira, o que importa é que não vou morrer sem ter presenciado o espetáculo de um Beatle. No auge da minha rebeldia, apesar de ter dados os primeiros passos com a música aos seis anos ouvindo justamente Beatles e Elvis Presley, graças ao meu pai, o auge da minha rebeldia adolescente impediu que eu fosse ao Maracanã em 1990 – e três anos depois eu não tinha era grana mesmo para rumar para a Terra da Garoa. Voltando ao dia 22 de novembro de 2010, vejo que acabei escolhendo o dia certo.

Para começar, Sir Paul McCartney e banda mandaram "Magical Mystery Tour" logo de cara, ao contrário de "Venus and Mars/Rockshow" (Wings), que ficou fora do set. Aliás, que banda espetacular: os guitarristas Rusty Anderson e Brian Ray (este fazendo as vezes de baixista quando McCartney empunhava guitarra, bandolim ou alguma coisa com mais de quatro cordas), o tecladista Paul "Wix" Wickens e o batera Abe Laboriel Jr. (figuraça que deu um show à parte com a sua coreografia em "Dance Tonight", do mais recente álbum de estúdio, "Memory Almost Full", de 2007) No geral, o único momento dispensável foi "Here Today", do álbum "Tug of War" (1982), dedicada a John Lennon.

"Drive My Car" e "And I Love Her", apresentadas na noite anterior, fizeram falta, assim como "Can't Buy Me Love" e "I Saw Her Standing There", clássicos que eu realmente esperava encontrar no set list. Este, no entanto, foi muito bem balanceado. Houve até músicas do projeto The Fireman ("Highway" e "Sing the Changes"), além de canções muito bem escolhidas do período com o Wings, principalmente do ótimo álbum "Band on the Run" (1973). Nada menos que cinco, incluindo a bela "Bluebird", que não foi tocada no primeiro show paulista. "Jet" e "Band on the Run" já têm status de clássico, e em "Let Me Roll it" a banda ainda fez uma citação de "Foxey Lady", de Jimi Hendrix, antes do fim.

Claro, teve "Live and Let Die", com excelentes efeitos pirotécnicos, os únicos da noite, pois o espetáculo era complementado mesmo por um telão sensacional. E foi também por causa dele o momento mais emocionante da noite: com imagens de George Harrison, "Something" levou muita gente às lágrimas, num momento que não dá para descrever com palavras. E emoção foi o que não faltou no repertório dos Beatles. Foram nada menos que 23 músicas, abrangendo todo o leque musical dos Fab Four. Mais uma vez: como segurar as lágrimas em "Blackbird", "Let it Be", "Hey Jude" e, principalmente, "Yesterday"? Como não cantar com todas as forças "All My Loving", "The Long and Windind Road", Got to Get You Into My Life", "Eleanor Rigby" e "Ob-La-Di, Ob-La-Da"? Ou se acabar de pular em "Back in the USSR", "Day Tripper", "Get Back", "Helter Skelter" (o primeiro heavy metal da história) e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band"? Tudo isso é a essência do rock'n'roll!

Set list
1. Magical Mystery Tour (Beatles)
2. Jet (Wings)
3. All My Loving (Beatles)
4. Letting Go (Wings)
5. Got to Get You Into My Life (Beatles)
6. Highway (The Firemen)
7. Let Me Roll it (Wings)
8. The Long and Winding Road (Beatles)
9. Nineteen Hundred and Eighty Five (Wings)
10. Let 'Em in (Wings)
11. My Love (Wings)
12. I'm Looking Through You (Beatles)
13. Two of Us (Beatles)
14. Blackbird (Beatles)
15. Here Today (solo)
16. Bluebird (Wings)
17. Dance Tonight (solo)
18. Mrs. Vandebilt (Wings)
19. Eleanor Rigby (Beatles)
20. Something (Beatles)
21. Sing the Changes (The Fireman)
22. Band on the Run (Wings)
23. Ob-La-Di, Ob-La-Da (Beatles)
24. Back in the USSR (Beatles)
25. I've Got a Feeling (Beatles)
26. Paperback Writer (Beatles)
27. A Day in the Life (Beatles)/ Give Peace a Chance (John Lennon)
28. Let it Be (Beatles)
29. Live and Let Die (Wings)
30. Hey Jude (Beatles)

Primeiro bis
31. Day Tripper (Beatles)
32. Lady Madonna (Beatles)
33. Get Back (Beatles)

Segundo bis
34. Yesterday (Beatles)
35. Helter Skelter (Beatles)
36. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band/The End (Beatles)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Queensrÿche

Ano de fundação: 1981
Local: Seattle, Washington (Estados Unidos)
Site oficial: queensryche.com















Formação atual (2009 - presente)

Scott Rockenfield - bateria
Eddie Jackson - baixo
Geoff Tate - vocal
Michael Wilton - guitarra
Parker Lundgren - guitarra

Ex-integrantes

Chris DeGarmo (1981-1998 e 2003)
Kelly Gray (1998-2002)
Mike Stone (2003-2009)








Discografia oficial

2009 - American Soldier
2007 - Take Cover
2007 - Sign of the Times: The Best of
2007 - Mindcrime at The Moore
2006 - Operation: Mindcrime II
2004 - The Art of Live
2003 - Tribe
2003 - Classic Masters
2001 - Live Evolution
2000 - Greatest Hits
1999 - Q2k
1997 - Hear in the Now Frontier
1994 - Promised Land
1991 - Operation: LIVECrime
1990 - Empire
1988 - Operation: Mindcrime
1986 - Rage for Order
1984 - The Warning
1983 - Queensrÿche EP
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