quarta-feira, 23 de março de 2011

Os 12 melhores CDs de 2010

BLACK LABEL SOCIETY
Order of the Black

A saída da banda de Ozzy Osbourne fez muito bem a Zakk Wylde, que vinha devendo um disco à altura do seu talento. O último trabalho digno de aplausos foi "The Blessed Hellride", de 2003, e com "Order of the Black" ele colocou a casa em ordem. Com as atenções voltadas somente ao Black Label Society, o guitarrista guardou toda a sua inspiração para um álbum espetacular – e, diga-se de passagem, ajudou muito a troca de Craig Nunenmacker por Will Hunt (Evanescence), um batera muito mais inspirado. Infelizmente, Amy Lee resolveu voltar a trabalhar, e Hunt já deixou o BLS, dando lugar a Johnny Kelly (ex-Type O Negative).

O começo do CD é simplesmente arrasador, com a trinca "Crazy Horse", "Overlord" e a espetacular "Parade of the Dead". "Darkest Days", que poderia muito bem estar em "Book of Shadows", muda o clima sem deixar a peteca cair. Daí para frente músicas mais calmas, como a bela "Time Waits for No One", a emotiva "Shallow Grave" e a acústica "January", casam perfeitamente com um heavy metal da melhor qualidade. Que o digam "Black Sunday", "Southern Dissolution", "Riders of the Damned" e a excepcional "Godspeed Hellbound". Fácil, fácil o melhor disco de rock pesado de 2010. E, sim, Wylde está tocando como nunca.

CURTINHAS: "Order of the Black" é o campeão de versões diferentes nos quatro cantos do mundo. Para começar, saiu com capas diferentes nos Estados Unidos (a que está aqui no blog), Europa, Japão e Brasil. Nos EUA foram lançadas três versões do disco. Como diria Hannibal Lecter, vamos por partes. a rede Target lançou uma edição com DVD bônus de 50 minutos de duração, tempo que Zakk Wylde leva para explicar cada uma das 13 faixas, tocar "The Last Goodbye" (do álbum "Shot to Hell", de 2006) ao piano e mostrar o seu estúdio particular, o espetacular The Bunker.

A Best Buy não ficou atrás e colocou no mercado a sua versão exclusiva: embalado num box de papelão, o CD vem acompanhado por uma camisa (a estampa é a capa do disco) e dois bônus: "Junior's Eyes" e "Helpless", covers do Black Sabbath e Neil Young, respectivamente. Para terminar a parte americana, a edição regular, sem nenhum atrativo. No Japão e no Brasil o extra foi "Junior's Eyes", e na Europa, "Can't Find My Way Home", do Blind Faith. Em formato digital, exclusivamente para a Amazon, temos "Bridge Over Troubled Water", de Simon & Garfunkel.


HELLOWEEN
7 Sinners

Sejamos sinceros: o bom humor e um horizonte musical mais amplo não são comuns à maioria do público que curte heavy metal. Só isso explica a maneira como "Unarmed: Best of 25th Anniversary" foi recebido por grande parcela dos fãs do Helloween. E também pela crítica especializada. Se estes não souberam apreciar um ótimo disco de releituras de clássicos, então podem rasgar seda para "7 Sinners". O quinteto alemão prometeu e cumpriu: seu novo disco é uma porrada na cara. Pesado, agressivo e absurdamente empolgante. "Where the Sinners Go" abre os serviços trazendo estes elementos, mas sem precisar ser aquela faixa de abertura com dois bumbos no talo. "Are You Metal?", o primeiro single, é coisa de gênio. Andi Deris poderia ter facilmente caído no clichê, mas acabou escrevendo um verdadeiro hino.

O vocalista, aliás, compôs sozinho quase metade do CD – todas as músicas são de autoria de um único integrante, e Sascha Gerstner (guitarra) e Markus Grosskopf (baixo) participaram mais do que habitual. Tanto quanto Michael Weikath (guitarra). A formação estabilizada (o excelente batera Dani Löble se juntou à banda em 2004) pode ser apontada também como responsável por um trabalho homogêneo. "Who is Mr. Madman?" (continuação de "Perfect Gentleman", hit de "Master of the Rings", de 1994), "Raise the Noise" (com um solo de flauta do convidado Eberhard Hahn), a rapidíssima "Long Live the King", "The Smile of the Sun" (o hit da vez escrito por Deris) e a épica "Far in the Future" se destacam facilmente, mas "7 Sinners" é um discaço do início ao fim.

CURTINHAS: Na Europa, a versão digipack tem como bônus a música "I'm Free", que saiu como lado B no single "Are You Metal?" no Japão. A Terra do Sol Nascente, aliás, ganhou "Faster We Fall" como extra, canção que está disponível para download no iTunes alemão. "Aiming High" foi lançada apenas digitalmente, podendo ser baixada no iTunes germânico e no japonês. A versão brasileira de "7 Sinners" contém apenas as 13 músicas regulares do CD.


ACCEPT
Blood of the Nations

A primeira tentativa não deu certo. Apesar de "Eat the Heat" (1989), com David Reece nos vocais, não ser de todo ruim, também não é um trabalhoque desperte reações inflamadas dos fãs Para o bem ou para mal. Duas décadas depois, aqueles que acreditavam não haver vida no Accept sem UdoDirkschneider tiveram de dar o braço a torcer. Com Mark Tornillo (T.T. Quick) assumindo o microfone, e Wolf Hoffman (guitarra) e Peter Baltes (baixo),as rédeas nas composições, a banda lançou um disco fenomenal – Herman Frank (guitarra) e Stefan Schwarzmann (bateria) completam a formação. "Blood of the Nations" está longe de ser um trabalho que vai revolucionar o heavy metal, mas é um disco do estilo em estado bruto sem soar reciclado. Ele soa moderno sem que esta palavra tenha conotação pejorativa.

Primeiro single, "Teutonic Terror" serviu para dar um gostinho de quero mais, e a audição completa do CD prova que Tornillo não apenas é o substituto ideal de Dirkschneider, como deu novo gás ao grupo. "Beat the Bastards Down", que abre os serviços, é arrasadora. Assim como "Locked and Loaded", "Kill the Pain", "Bucket Full of Hate" e a faixa-título. "Shades of Death" é outro destaque, com um trabalho de orquestração simples e eficiente que dá outro sabor ao disco. "Blood of the Nations" é, na verdade, um trabalho para ser ouvido sempre da primeira à última música. Sem pular nada. Sem parar. E inúmeras vezes. É excelente do começo ao fim.

CURTINHAS: A versão mais bacana é o boxset lançado pela Nuclear Blast e limitado a 500 cópias. Além do bônus "Time Machine", também presente na versão digipack, o CD vem acompanhado de um bandeirão, que reproduz a capa do disco, e uma parte enhanced com os clipes de "Teutonic Terror" e "Pandemic". Para não ficar muito atrás, o Japão também ficou com a faixa "Time Machine" e levou outra de lambuja: "Land of the Free". No Brasil, nem uma coisa, nem outra.


KAMELOT
Poetry for the Poisoned

A evolução do Kamelot ao longo dos últimos dez anos fez com que a banda americana atingisse o mais alto degrau no heavy metal contemporâneo.Com a obra-prima "The Black Halo", provou que existe vida inteligente dentro do melódico (ou do power metal, como queiram), mostrando que será difícil não incluí-la na lista de melhores do ano sempre que soltar um novo disco. "Poetry for the Poisoned" acerta novamente em músicas muito bem trabalhadas, sem apelar para autoindulgência, e arranjos de extremo bom gosto. Além disso, traz um time de convidados de primeira linha, todos em músicas que figuram tranquilamente entre as melhores do CD. A canção de abertura, "The Great Pandemonium", conta com os préstimos de Björn "Speed" Strid (Soilwork), cujos vocais guturais fizeram um belo contraponto ao sempre excelente Roy Khan.

Simone Simons (Epica), que já é de casa, brilha mais uma vez ao lado de Khan em "House on a Hill" e nas partes dois e três da faixa-título – o que ela canta é brincadeira! Gus G. (Ozzy Osbourne) faz um ótimo solo em "Hunter's Season", mas, no fim das contas, o grande destaque fica por conta de Jon Oliva, o eterno mentor do Savatage, em "The Zodiac". É ele quem a deixa espetacular com uma interpretação primorosa. Disparado a melhor do disco. Mas "Poetry for the Poisoned" tem vida própria, como mostram "If Tomorrow Came", "Seal of Woven Years" e "Once Upon a Time", provas irrefutáveis da maturidade e personalidade do Kamelot. E a saída do baixista Glenn Barry para o retorno de Sean Tibbetts em nada alterou o caminho que o grupo vem trilhando com sucesso.

CURTINHAS: "Poetry for the Poisoned" saiu na Europa num digipack bem bacana. Além do bônus "Where the Wild Roses Grow" (cover de Nick Cave), a versão vem com um DVD que traz, entre outras coisas, entrevistas com os integrantes, o clipe de "The Great Pandemonium", galeria de fotos e uma versão sem cortes de "House on a Hill". No Japão, a faixa extra é a instrumental "Thespian Drama", que saiu também como lado B de um vinil 7" que acompanha com o CD numa edição limitada. A versão nacional saiu simples.


BLACK COUNTRY COMMUNION
Black Country

Aqui temos mais um daqueles supergrupos que surgem ano a ano, mas a chance de a união de Glenn Hughes (baixo e vocal), Joe Bonamassa (guitarra), Jason Bonham (bateria) e Derek Sherinian (teclados) dar errado era, sejamos honestos, muito pequena. Não à toa, enquanto escrevo estas linhas, o quarteto finalizou seu segundo disco no fim de fevereiro. E o álbum de estreia, "Black Country", é obrigatório para quem gosta de rock ‘n' roll com raízes nos anos 70, sem, no entanto, soar datado. Tudo bem, músicas como "One Last Soul" e "Beggarman" poderiam estar muito bem em algum disco solo de Hughes, principalmente aqueles mais voltados ao hard rock. Mas quem disse que isso é ruim?

Joe Bonamassa está inspiradíssimo, transbordando técnica com feeling e, felizmente, podendo aparecer para um público que não seja apenas o do blues. Bonham mostra a eficiência de sempre, e o único porém fica por conta de Sherinian, que poderia ter sido mais bem aproveitado. Faz apenas cama na grande maiorias das canções, ganhando destaque solo apenas na pesada e funkeada "Stand (At the Burning Sun)" e na excelente "Too Late for the Sun", que encerra brilhantemente o CD com seus mais de 11 minutos. Hughes, por sua vez, já não deveria mais precisar de apresentações. Lembrem-se: ele não é apenas um excepcional cantor, como podemos ratificar em "The Great Divide", "Song of Yesterday" e "Medusa" (sim, regravação do clássico do Trapeze), mas também um grande baixista. Ouça a faixa-título.

CURTINHAS: O disco de estreia do supergrupo não foi lançado com muitas surpresas. As mesmas 12 músicas estão na versão simples e na com um DVD bônus. Este dá ao fã o clipe de "The Great Divide", entrevistas, cenas das sessões de gravação e material ao vivo gravado em Riverside, na Califórnia, Estados Unidos. Não houve lançamento nacional.


MR. BIG
What If…

Era questão de tempo. A formação original do Mr. Big – Eric Martin (vocal), Paul Gilbert (guitarra), Billy Sheehan (baixo) e Pat Torpey (bateria) – se reuniram para uma turnê comemorativa de 20 anos da banda, que rendeu CD e DVD ao vivo, "Back to Budokan" (ambos duplos), e um disco de inéditas era uma consequência natural. Diferentemente dos dois últimos trabalhos antes da separação, ambos com Richie Kotzen nas seis cordas, "What If..." é menos bluesy e mais hard. Ou seja, o quarteto voltou ao seu habitat natural. E por mais que Kotzen seja músico extraordinário, mais até do que Gilbert, a química entre Sheehan e o guitarrista original é única, diferenciada.

Primeiro ponto positivo: aqueles solos dobrados espetaculares estão de volta O segundo é simples: todas as músicas são excelentes. Mesmo as baladas, especialidade de Martin, não soam piegas e bregas - elas sempre foram o ponto fraco do Mr. Big, razão de o grupo ser tão subestimado. "Stranger in My Life" e "All the Way Up" são realmente bonitas e, digamos, maduras. Mas o que conta mesmo são as outras faixas, que formam um disco empolgante. "Undertown" abre muito bem o disco, e "American Beauty" completa o serviço. Pronto. Com apenas duas músicas o jogo já está ganho. Mas ainda tem arrasa-quarteirões como "Nobody Left to Blame", "Still Ain't Enough for Me" (rock ‘n' roll dos bons), "I Won't Get in My Way" (que refrão) e "Around the World" (lembra de Gilbert e Sheehan detonando juntos? Pois é...). No saldo geral, não há música sequer em "What If..." que possa ser considerada mais ou menos. Discaço!

CURTNHAS: As gravadoras capricharam na volta do Mr. Big ao estúdio com a sua formação original. Principalmente na Europa, onde foi lançada uma Super Luxury Edition, contendo o CD, um DVD, o LP mais três brindes: pôster, foto oficial e adesivo. Tudo isso com uma faixa bônus (apenas no disquinho em áudio, não no vinil), "Unforgiven". O DVD, por sua vez, traz os clipes de "Undertow" e "All the Way Up", além do making of das sessões de gravaçao do disco.

"What if..." também foi lançado em versão simples no mercado europeu, o que aconteceu igualmente no Japão. Os nipônicos, claro, também tiveram a sua Deluxe Edition, obviamente caprichada. Além de uma embalagem em 3D, uma música extra diferente, "Kill Me With a Kiss", e o DVD. Só que desta vez, os europeus saíram ganhando: na versão japonesa não constam vídeo de "All the Way Up".


RATT
Infestation

Stephen Pearcy volta ao microfone do Ratt, e a banda lança seu primeiro trabalho de inéditas desde 1999. E "Infestation" é um resgate à sonoridade do quinteto nos anos 80, com aqueles riffs criativos e solos inspiradíssimos (Warren DeMartini agora tem a companhia de luxo do ex-Quiet Riot Carlos Cavazo) somados a refrãos grudentos e irresistíveis (Pearcy é bom demais nisso). Um disco simplesmente delicioso. Simples assim. Mas aí o grupo começa a ir ladeira abaixo novamente graças ao choque de egos, principalmente entre o vocalista e o batera Bobby Blotzer – o baixista Robbie Crane completa a formação. Infelizmente. A história poderia ser resumida desta forma, mas seria uma injustiça com a música aqui presente.

O início é simplesmente impecável, com "Eat Me Up Alive", "Best of Me", "A Little Too Much" e "Look Out Below" colocando a casa abaixo e, sem exageros, remetendo o fã a clássicos como "You Think You're Tough", "Way Cool Jr.", "Round and Round" e "Body Talk". Saudosismos à parte, "Infestation" não soa datado, mas sim uma celebração a um período bastante fértil do hard rock americano. Não à toa, "Last Call" tem um quê de Van Halen, e o show continua com grandes canções. "Lost Weekend", "As Good as it Gets", "Take a Big Bite" e "Don't Let Go" reforçam o melhor do "ratt and roll". Seria mesmo apenas se em tão pouco tempo a banda apagasse o grande trabalho que recomeçou.

CURTINHAS: As versões americana e europeia não tiveram nenhum extra, e o disco não chegou a sair no Brasil. No Japão, no entanto, o fã teve de colocar duas vezes a mão no bolso. A primeira edição saiu com o bônus "Scatter", mas alguns meses depois o CD foi relançado – com o tom esverdeado da capa dando lugar a um avermelhado – com um material bem interessante.

A começar pelas faixas "Sweet Cheater", "You Think You're Tough", "You Got it", "Tell the World", "Back for More" e "Walkin' the Dog", do raro EP de estreia, autointitulado, de 1983. Aqui, no entanto, elas aparecem gravadas ao vivo, em 2008, no Rockline Studio. Além disso, um DVD com o clipe de "Best of Me", making of e cenas da festa de lançamento do álbum. O iTunes, por sua vez, colocou à disposição dos fãs americanos três das seis faixas ao vivo: "You Think You're Tough", "Tell The World"e "Way Cool Jr.". Além da própria "Scatter".


TANKARD
Vol(l)ume 14

Um dos melhores representantes do thrash metal germânico, o Tankard infelizmente não atingiu o status de nomes como Destruction e Kreator. Qualidade para isso nunca faltou, afinal, a banda começou jogando de cara dois clássicos no mercado – Zombie Attack (1986) e Chemical Invasion (1987) – e manteve-se acima da média ao longo de quase três décadas de existência. Além disso, como não gostar de pérolas como "(Empty) Tankard", "666 Packs", "Beermuda", Space Beer", "Freibier" e "Need Money for Beer"? Ótimas músicas que consagraram o Alcoholic Metal que os próprios alemães dizem fazer. Nada mais justo. Ninguém faria uma apologia ao sagrado suco de cevada com tanta excelência e bom humor, e "Vol(l)ume 14" traz isso já no título e na capa do CD.

Apesar de ter dado uma pisada no freio ao longo dos últimos anos, o grupo sempre foi fiel ao seu thrash característico, continuando com identidade própria apesar das doses maiores de metal tradicional no som. Frank Thornwarth (baixo) e Olaf Zissel (bateria) formam uma cozinha competente, abrindo espaço para brilharem o guitarrista Andy Gutjahr (mais uma máquina de riffs do estilo) e o vocalista Andreas "Gerre" (dono de uma interpretação única e letras sensacionais) – figuraça, este último está incrivelmente mais magro, sem aquele barrigão que era a sua marca registrada. Pouco importa, pois "Rules for Fools", "Fat Snatchers (The Hipo Effect)", "The Agency", "Brain Piercing of Death" e "Weekend Warriors" são suficientes para deixar o fã batendo cabeça e um sorriso enorme no rosto.

CURTINHAS: Há duas versões de "Vol(l)ume 14" disponíveis na Europa, e ambas não contêm músicas bônus. No entanto, vale a pena pagar um pouco mais para ter o digipack, que traz um DVD com a apresentação na edição de 2009 do Headbangers Open Air, festival realizado na Alemanha. A banda promovia o álbum "Thirst", e o show é empolgante do início ao fim, apesar do set curto (apenas 12 músicas). A edição jewel case, sem o vídeo, também saiu no Brasil.


EXODUS
Exihibit B: The Human Condition

Não fosse o breve hiato de Tom Hunting em "Shovel Headed Kill Machine", gravado por Paul Bostaph, e o Exodus estaria há impressionantes seis anos sem mudanças na formação. Mas "Exihibit B: The Human Condition" – assim como a primeira parte ("The Atrocity Exhibition... Exhibit A"), o ao vivo "Shovel Headed Tour Machine" e a regravação do clássico "Bonded By Blood", que virou "Let There Be Blood" – mostra que o quinteto está mais coeso do que nunca com Rob Dukes, que nasceu para cantar no Exodus, e Lee Altus, que, desculpem-me os puristas, faz com que Rick Hunolt não deixe saudades. O CD é uma porrada espetacular do início ao fim, mesmo que algumas músicas pudessem ser mais enxutas.

Mas o fato de o Exodus ter começado a compor músicas na casa dos seis, sete, oito e até nove minutos apenas apresenta mais riffs espetaculares (Gary Holt é um mestre!) e uma performance arrasadora, para variar, de Hunting. Curiosamente, faixas mais curtas dão o recado com mais facilidade, casos de "Hammer and Life" e da arrasa-quarteirão "Burn, Hollywood Burn". São mais palatáveis, uma vez que o thrash metal da banda está cada vez mais intrincado. Mas nada que não faça pescoços ficarem destroçados com "The Ballad of Leonard and Charles", "Beyond the Pale", "March of the Sycophants" e "The Sun is My Destroyer" e "Good Riddance", por exemplo, todas uma com interpretação visceral de Dukes, principalmente nos refrãos. Impossível não ficar viciado.

CURTINHAS: Na Europa, nos EUA e no Brasil, o CD saiu com o bônus "Devil's Teeth", enquanto no Japão o extra foi "Don't Make no Promises", cover do Scorpions. No Velho Continente também foi lançada uma edição chamada blood pack, que trazia o CD numa caixa de DVD e envolta num plástico com um líquido preto. Limitado a 500 cópias, esta versão também teve como bônus a música "Devil's Teeth".


KORZUS
Discipline of Hate

Sejamos sinceros: os frutos que o Korzus vem colhendo com "Discipline Hate" já deveriam estar no conta com o excelente "Ties of Blood", de 2004. Mas é fato também que o quinteto paulista lançou desta vez um dos melhores discos de thrash metal da última década. É para ouvir e ficar com o queixo caído. Produção impecável, músicas muito acima da media do que é feito atualmente (inclusive por medalhões que vivem de nome, como o Metallica) e performances individuais impecáveis.

Como em todo bom disco do estilo, encontramos riffs certeiros (Antônio Araújo mostrou-se a escolha perfeita para substituir Silvio Golfetti, detonando nas palhetadas ao lado de Heros Trench), bateria demolidora (cortesia do excelente Rodrigo Oliveira) e um vocal poderoso e com raiva, e neste ponto Marcello Pompeu gravou nada menos que o seu melhor trabalho em mais de 25 anos de banda.

A trinca de abertura – "Discipline of Hate", "Truth" e "2012" – não deixa pedra sobre pedra, e na sequência o grupo surpreende com a ótima "Raise Your Soul", que entra de cara com o refrão (é para cantar com os punhos erguidos nos shows). E o pique não cai nas nove músicas seguintes, com destaques para "Revolution" (um arregaço de trabalho de dois bumbos), a empolgante "Never Die", a quase metal tradicional "Last Memories" e as pancadas "Hell" e "Hypocrisia", nesta última com o Korzus trabalhando muito bem a letra em português (e que letra, meu amigo!). Compre correndo!

CURTINHAS: Brasil e Europa receberam bônus diferentes: "Hypocrisia" e "We Are Just the Same", respectivamente. A primeira prensagem brasileira, de 1.000 cópias, veio com autógrafos (mesmo) de toda a banda no encarte.


MUSICA DIABLO
Musica Diablo

Natural ouvir comentários de que o Musica Diablo faz aquilo que todo fã do Sepultura gostaria que a banda estivesse fazendo. Questionável, uma vez que a maior banda do metal brasileiro em todos os tempos vem dando sinais – com "Dante XXI" e "A-Lex" – que aquele thrash metal de riffs palhetados está voltando à tona. Questionável também porque aqui, no trabalho de estreia do quinteto formado também por integrantes do Nitrominds e do Threat, Derrick Green cala definitivamente a boca dos detratores que ainda restam.

O gringo-brasileiro é um puta cantor, se saindo com desenvoltura mesmo nas partes death metal que permeiam o álbum homônimo do Musica Diablo. Portanto, abra mão de qualquer preconceito e curta mais um grande lançamento de uma banda nacional, feito com tesão e honestidade que, repito, andam faltando a bandas que fizeram a fama e deitaram na cama – sim, porque não dá para achar que "Death Magnetic" é uma volta do Metallica aos bons tempos. O único ponto negativo do CD é a curta duração, pouco mais de 30 minutos.

Faixas como "Sweet Revenge"; "Sacrifice", "The Rack" e "Underlord" (lembra dos toques death metal? E do ótimo e versátil vocalista que é Derrick Green?); "Work Out", "Lifeless", "The Flame of Anger" e "Twisted Hate" (fácil, fácil imaginar rodas insanas de pogo nestas três últimas). "Musica Diablo" é mais do que um álbum honesto de thrash metal capitaneado pelo guitarrista André NM com o vocalista do Sepultura. É um disco para ouvir até gastar.

CURTINHAS: O track list das edições brasileira e europeia é o mesmo, e o CD ainda não ganhou o mercado japonês. Diferente mesmo, apenas a arte da capa, com pequenas diferenças (nos desenho de fundo) de um local para outro. A que ilustra esta resenha é a da edição nacional.


CIRCLE II CIRCLE
Consequence of Power

Difícil resistir a qualquer trabalho que tenha Zak Stevens à frente. Foi assim no Savatage, ao substituir Jon Oliva com extrema personalidade; e no recente Machines of Grace, nada menos que o Wicked Witch reformulado; e é assim no Circle II Circle, sua banda principal. O cara é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores vocalistas da história do metal, e não estamos falando de um cara que já está no rol dos veteraníssimos. E em "Consequece of Power" ele volta a provar isso, com performances técnicas, mas cheias de feelings, e ajudadas por linhas vocais marcantes – que o diga a faixa-título, que tem um quê de Iron Maiden, e "Out of Nowhere".

Musicalmente, o agora quarteto – o guitarrista base Evan Christopher pulou fora, e o brasileiro Bill Hudson nem esquentou o posto, assim o ótimo Andy Lee assumiu sozinho as seis cordas – continua mandando muito bem num power metal bem trabalhado, mas sem perder a mão da simplicidade e do peso sem aquela pompa e circunstância da grande maioria das bandas do estilo.

Faixas como "Whispers in Vain", "Remember", "Episodes of Mania", "Take Back Yesterday" e a bela "Blood of an Angel" (inevitavelmente remetendo ao Savatage) são primorosas, todas com refrãos muito bem construídos. Com o baterista Johnny Osborn (ex-Doctor Butcher) no lugar de Tom Drennan, Zak ainda conta com o fiel escudeiro Paul Michael "Mitch" Stewart (baixo e teclados) para ajudá-lo a brilhar. "Consequence of Power" é indispensável para quem gosta de heavy metal de categoria e muito bem feito por músicos talentosos.

CURTINHAS: Apenas a versão digipack ganhou bônus na Europa: "Symptons of Fate", que saiu também no Brasil. Até o fechamento do textos dos melhores de 2010, o CD ainda não havia sido lançado no Japão.

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